18.6.12

7º Capítulo - “Tenho medo que o meu pai vá preso.”

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Obviamente que o Dudu não andava bem. Claro que tentava animá-lo e dar-lhe todo o meu apoio, mas isso de pouco ou nada servia. 
Afinal nem consigo imaginar como seria se… se o meu pai se embebedasse frequentemente e batesse na minha mãe. Pois, se calhar não é assim tão mau não ter pai. A verdade é que fui criada pela minha mãe, pois o meu pai teve a triste ideia de nos abandonar mal eu nasci. Porque o fez? Não sei bem os seus motivos, é verdade. A minha mãe sempre me disse que apesar de ele gostar muito de nós teve de partir, pois achava que nós estaríamos melhor sem ele. Mas não sei se é realmente essa a verdade. Posso ter sido mentida apenas para não sofrer e não criar uma má imagem do meu pai. Se calhar ele fugiu com outra, ou morreu, ou talvez quando soube que ia ter uma filha não quis aceitar e fugiu para não assumir as responsabilidades enquanto pai. Não sei. Não posso tirar conclusões nem imaginar coisas que se calhar não aconteceram. Simplesmente às vezes dá-me para pensar nisto. E faz-me mal, mas não consigo evitar. Viver sem saber o que é feito do nosso pai, não é bom para ninguém.
Mas enfim, voltando ao Dudu. As coisas andavam a correr mal. Na escola ele não se conseguia concentrar. Chegava a casa, a mãe estava em baixo. O que iria resultar numa tristeza ainda maior para o Duarte. Mas as coisas não pararam por aqui. Como já tinha dito, a D. Mariana pediu o divórcio ao marido e fez queixa à polícia por maus-tratos. Ele, não gostou destas atitudes da mulher e resolveu vingar-se, defendendo-se que isto era tudo invenções e que o objetivo dela era tirar-lhe o filho. Foram para tribunal. Seguiram-se ameaças, processos e muitas outras confusões. Obviamente que isto tudo desgastava tanto a D. Mariana, como o Duarte. Seis meses depois do início desta confusão o Dudu foi também ele, chamado a tribunal para falar sobre o assunto e dizer com quem quer ficar após o divórcio dos pais. Claro que, ele apoiou a mãe:
- Filipa, eu disse toda a verdade, disse que o meu pai tinha batido à minha mãe, que não era a primeira vez, que chegava bêbado a casa… - Contou-me ele depois da audiência no tribunal.
- Mas… - Eu sabia que havia um “mas”.
- Mas não sei se fiz bem. Tenho medo que o meu pai vá preso. Apesar de eu desejar nunca mais o ver da vida depois disto tudo, eu não quero que ele vá preso. – Pela primeira vez o Duarte falou comigo abertamente sobre o que sentia em relação a isto tudo.
- Eu sei Dudu. Mas ele tem de pagar pelo que fez. Queres que ele continue a bater na tua mãe, ou até noutras pessoas?
- Ok, talvez tenhas razão. – Disse ele, já resignado.
- Ya, e agora quero um sorriso nessa cara, porque em breve isto vai ficar tudo resolvido, sim? 
- Claro que sim! – Respondeu já mais animado.
Dentro de uma semana o Duarte faria anos. A mãe, apesar de não andar bem, tinha pensado em organizar uma festinha lá em casa, para lhe cantarmos os parabéns e comermos bolo. Convidados: eu e a minha mãe. Isto porque ultimamente o Dudu só se dava comigo (sempre fora assim, mas ele andava a isolar-se ainda mais), e a minha mãe ia, para dar ânimo à Dona Mariana. 
(Na segunda-feira) 
- Estás quase a fazer anos. É já na quinta! – Disse eu, toda animada.
- Mesmo, mal posso esperar. Com 11 anos já sou adolescente, não? 
- Cala-te puto, com 11 anos és uma criança ainda. – Respondi eu, com a mania da superioridade. 
- Olha quem fala, tu ainda só tens 10 e estás a chamar-me puto? Ahah deixa-me rir. – Golpe baixo.
- Nunca ouviste dizer que as raparigas são mais desenvolvidas que os rapazes? Por isso… - Isto não provava nada, mas eu tinha de dizer algo em minha defesa.
- Não é nada… Isso não prova nada… - Era verdade.
- Ok, ok, somos os dois crianças, pode ser menino Duarte Nuno?
- Sim menina Filipa Santos. – As nossas discussões não tinham como acabar mal, simplesmente um de nós tinha de aceitar o que o outro dizia a acabar com a discussão. 
Os dias até quinta passaram depressa. Naquele dia (dia 19 de maio de 2007) o Dudu faria 11 anos. 

3 comentários:

Cláudia disse...

Esta história é verídica ? :s

quase-princesa disse...

Tem factos reais, mas não, não é. É uma história inventada por mim, mas o desfecho vai ser semelhante ao da minha vida.

Anónimo disse...

OOOOOO pnsava que era real :D